Monday, December 31, 2007

A fechar o ciclo...

sonhei com terras e paisagens que nunca vi. lembrei-me de cheiros e sabores que não experimentei. sorri ao celebrar momentos que não vivi. embalei-me em estórias que não cabiam no meu imaginário. recordei pessoas e vultos que sempre quis conhecer. desejei abraçar um mundo maior do que eu. entreguei-me a um destino que não era meu. aprendi a ler as entrelinhas dos espaços em silêncio.

entretanto parei.

e deixei-me ficar assim, enquanto o mundo continuava a girar.

demorei um pouco, até me aperceber. do valor das terras, das paisagens, dos cheiros, dos sabores, dos momentos, das estórias, das pessoas, dos vultos, dos espaços, do destino. da continuidade e da certeza de que tudo permanece intacto, perante a ambiguidade fugaz do que vivemos.



[serenidade, para 2008]


Saturday, December 29, 2007

E onde pára o Amor?

pára no murmúrio do vento que nos acaricia a face. no olhar atento de quem encontrou o caminho para casa. no sorriso aberto das carícias partilhadas em silêncio. nos encontros e reencontros de um caminho que tropeça em si mesmo. na quietude de um olhar que não tem medo de seguir em frente. na solenidade dos momentos que não se repetem.

pára no infinito. no ontem, no agora, e no depois.


é só isto.

Tuesday, December 25, 2007

Já passou...

a noite em que todos sentimos a tua falta. a noite em que a tua ausência foi o cântico de natal mais ouvido. a noite preenchida pela melancolia triste e saudosa de já não estares entre nós.

o teu lugar no topo da mesa foi deixado, pela primeira vez, vazio dando espaço às memórias de uma vida intensa até ao seu limite.

descansa agora, meu querido.

Wednesday, December 19, 2007

Surpresa inesperada...

o Natal chegou ontem (para mim). entrou de rompante e sem aviso, mas preencheu sofregamente os espaços vazios. não pediu licença, como de costume, nem se enfeitou de bolas e luzes de todas as cores. não trouxe neve nem frio de cortar a respiração.

mas chegou. e, desta vez, veio embalado do carinho há muito desejado e da promessa de tempos mais pacíficos.



o melhor, é que acreditei.

Thursday, December 13, 2007

Thursday, December 06, 2007

Querida P.

Saíste sem olhar para trás. Fiquei a olhar até te perder de vista e os meus olhos secarem (de lágrimas que não caíram) . Fotografei longamente aquele momento para me lembrar (para sempre) do peso solene das despedidas.

Saíste. Logo naquele dia em que estavas irresistivelmente deslumbrante (acho que to disse vezes sem conta ou, pelo menos, pensei-o). Surpreendeste-me com a calma do teu olhar, como se há muito pressentisses aquele momento. Por isso, quiseste que eu ficasse apenas com a recordação do melhor de ti, depois de tudo.

Desde esse dia, vêm-me à memória o eco do teu sorriso e o cheiro naturalmente perfumado da tua pele, que durante tanto tempo me fizeram sentir em casa. Também não esqueci as tardes de Domingo, silenciosas e cúmplices, pousadas num sítio qualquer à beira mar (sempre o mar como testemunha). Nem as escapadelas, repentinas (porque o amor era urgente), em locais que cujo nome desconheço.

Saíste. E, por isso, me libertaste. A sede de querer sempre mais de ti e de mim, de nós, terminou (enfim). Os dias e as noites passaram a ser mais tranquilos e sem a turbulência das emoções fortes. Inesperadamente, encontrei o prazer dos pequenos momentos e resgatei os meus sonhos solitários. Não sabia, até agora, que a felicidade também podia ser assim: (surpreendentemente) simples.

Nunca mais te vi. Nem sequer te procurei. Porque sei que, agora, és livre. E deixaste-me também em liberdade – como, aliás, devem permanecer os sentimentos verdadeiros.




(Até sempre)


Wednesday, December 05, 2007

Vicissitudes...

desta vez, já não encontraste a porta aberta.

a verdade é que, sem te aperceberes, ela esteve à tua espera tempo demais. esperou com paciência para além do suportável, até que, numa manhã chuvosa, decidiu pôr fim ao que há muito tempo havia terminado.


(...)

Tuesday, November 27, 2007

Amar, depois de Amar...

chegou atrasada (um hábito dos últimos tempos). a chuva que há muito ameaçava, teimou em cair naquela noite. lembrou-se do que ficou para trás e sorriu ao pensar que tinha sobrevivido aquela tarde. a mais uma tarde depois daquela em que tudo mudou.

ganhou forças e abriu num impulso a porta do carro que queria permanecer fechada. lá fora o vento embalou-a com força para um jantar forçado. "faz-te bem sair" - diziam há uns dias atrás as amigas preocupadas, ao que ela respondeu com um "sim" abafado pela vontade de ficar aconchegada no ninho. desejava, mais do que nunca, estar em paz.

ao entrar no restaurante, reparou que só conhecia três amigos do grupo que se juntou naquela mesa. passou os olhos por todos, sorriu timidamente, e respirou fundo quando encontrou o seu lugar. os amigos perceberam e abraçaram-na com carinho. há muito que não a viam, e nas últimas vezes em que a viram ficaram esmagados pela tristeza que entretanto pairava no seu olhar. quase um ano depois de tudo, ela ainda mantinha essa tristeza, mas havia recuperado a força e a intensidade que sempre a distinguiram. ganhou enfim a lucidez de quem sabe que dar valor ao que tem, e não ao que quer ter.

percebeu o que os amigos lhe queriam dizer nas entrelinhas e sossegou-os com um "está tudo bem", mais do que nunca, sentido. e assim se passaram minutos e algumas horas. quando deu conta das horas , já se tinha perdido na conversa com um desconhecido que se sentou ao seu lado. uma conversa descontraída mas suficientemente interessante para fazer esquecer o cansaço de uma tarde que parecia não ter fim. e enquanto as palavras fluiram com uma naturalidade surpreendente, não deixou de reparar nos olhos, nas mãos e na segurança de uma voz que lhe parecia tão familiar.

por isso não hesitou na resposta quando ele lhe perguntou se ela queria sair para um copo numa noite destas. sorriu, porque não se lembrava da última vez em que um desconhecido lhe roubava a atenção. a intensidade dos sentimentos desconhecidos começaram a afastá-la. daí os ter arrumado numa caixa bem escondida que entretanto foi encontrada com este convite inesperado. mas, desta vez, rendeu-se a um "porque não?" que, mais do que nunca, fazia sentido. afinal, estava na hora de sair do casulo.



de regresso a casa, ao entrar no carro, sentiu um arrepio. não de frio, mas de medo. o medo que só tem quem reconhece a possibilidade de amar, depois de amar.

Monday, November 26, 2007

Uma nova oportunidade...

então é esta a sensação. é este o sentimento que descobrimos em nós quando somos surpreendidos pela vida.

o vazio que inicialmente nos preenche, dá lugar a algo novo, igualmente intenso. é como se uma lufada de vento nos trouxesse o alívio que há muito desejavamos. e quando o abraçamos e a ele nos entregamos, percebemos enfim que a maior surpresa que a vida nos pode dar é mesmo esta...


a oportunidade de começarmos tudo de novo.

Monday, November 12, 2007

Marcas do Tempo...

teimam em dizer que desapareceste. como se alguém pudesse sumir assim, de um dia para o outro. é verdade que te procuro, nas ruas, no olhar de desconhecidos, nos cheiros esquecidos da cidade. mas também é verdade que te encontro, tantas e tantas vezes, nas ruas, nos olhares de desconhecidos e nos cheiros que tanto se parecem com o teu.

ainda há dias parece que te ouvi a perguntar como andava a minha vida. "num reboliço", respondi eu, a convencer-me de que estavas mesmo a ouvir. a convencer-me que permanecias comigo nestes tempos inquietos e intensos e velavas por um futuro mais tranquilo.

mas teimam em dizer que morreste. há já alguns meses, reiteram. e eu peço para que se calem, porque há palavras que ferem como punhais e abrem feridas demasiado recentes. não quero ouvir, nem sequer aceitar, pelo menos por enquanto.

estás aqui, eu sinto. e isso basta-me.

Thursday, November 08, 2007

Estranha em Mim...

vagueias sem saber aonde esse caminho te leva. trazes as mãos geladas da brisa que trespassa o nevoeiro que se instalou em ti. olhas o que te rodeia com a calma e a tranquilidade de quem já aprendeu a não esperar muito. na verdade, não esperas sequer. vives e ponto final.

mesmo assim não desistes. e ainda te esforças por acreditar e confiar mais. aprendeste que nem tudo é preto ou branco e que, muitas vezes, o cinzento pode ser uma boa opção.

Tuesday, November 06, 2007

a Casa...

foi como se estivesse à minha espera.

com uma prudência ansiosa e silenciosa, olhei em redor e fotografei longamente as paredes vazias e os móveis que ansiavam por companhia. e assim me deixei ficar, finalmente, sem pressas nem palavras, pois estragariam o momento.

queria sentir-me parte daquele espaço (que também é parte de mim). e fundir-me num embalo prolongado e demorado.

não me lembro quanto tempo passou, nem o que entretanto se presenciou fora daquelas paredes. tudo o que importava verdadeiramente estava ali. apercebi-me então que a vida em estado bruto era "aquilo". a vida com tudo o que vou aos poucos recuperando e com o que vou descobrindo. a vida, agora, nesta casa (a minha).

Wednesday, October 31, 2007

Sim, é real...

... hoje é o primeiro dia do resto da minha vida.




[e só agora faz sentido]

Sunday, October 28, 2007

As palavras têm medo...

quando a viu, naquela sala cheia de gente, ficou gelado. sem querer nem contar, foi fulminado pelo seu olhar (o mais intenso que alguma vez sentira). deixou de ouvir as conversas, os sorrisos e os silêncios (não mais importavam). apenas ela existia. ela e o seu inconfundível olhar, que o hipnotizou e envolveu numa dança sem fim e sem ritmo. aborvido por aquele azul profundo, infinito, ele aproximou-se e, a medo, segredou-lhe ao ouvido


matas-me com o teu olhar.


(...)
ainda hoje, quando acordam juntos, ela sorri ao lembrar aquele momento.

Friday, October 26, 2007

Um dia...



"...é preciso parar de sonhar e, de algum modo, partir."


[Amyr Klink]


...


[Status: de partida]

Thursday, October 25, 2007

Click...

...há sorrisos que nos enchem o coração e nos aconchegam como uma cama acabada de fazer. há também aqueles que, por estarem mascarados de mistério, nos arrancam do sossego de uma rotina há muito habituada a ser igual a si mesma. há os sorrisos tímidos que, sem querer, nos mostram a beleza e a força dos sentimentos que não foram corrompidos. há ainda os sorrisos inesperados, talvez os mais saborosos, porque nos apanham desprevenidos e nos levam a passear nas possibilidades infinitas do que a felicidade pode ser.

...depois, há o teu sorriso (único, imenso, infinito). era capaz de reconhecê-lo mesmo de olhos fechados. porque me abraça e me faz perder em ti. porque dá e retribui ao mesmo tempo. porque é um prolongamento de ti. e porque é, provavelmente, a melhor fotografia que poderei guardar.

Tuesday, October 23, 2007

Pausa...

"Quando se é feliz muito novo, a única obsessão que se tem é aguentar a coisa. Vive-se ansiosamente com a desconfiança, quase certeza da coisa piorar. O pior é que as pessoas que se habituaram a serem felizes não sabem sofrer. Sofrem o triplo de quem já sofreu.É injusto mas é assim.

No amor é igual. Vive-se à espera dele e, quando finalmente se alcança, vive-se com medo de perdê-lo. E depois de perdê-lo, já não há mais nada para esperar. Continuar é como morrer. As pessoas haviam de encontrar o grande amor das suas vidas só quando fossem velhas. É sempre melhor viver antes da felicidade do que depois dela."



[Miguel Esteves Cardoso]




Monday, October 22, 2007

time out...

...respirar fundo. a vida prossegue dentro de momentos...

Sunday, October 21, 2007

Tivemos o infinito...


... mas o infinito não bastou.
(...)

Friday, October 19, 2007

She...

"She
Who always seems so happy in a crowd
Whose eyes can be so private and so proud
No one’s allowed to see them when they cry"

[Elvis Costello]



acho que nunca te fiz a devida homenagem, minha querida. quando penso que sou eu a velar por ti surpreendes-me ao reparar que afinal és tu que, tantas e tantas vezes, cuidas de mim (sempre atenta, companheira, discreta). também me surpreendes quando, após tamanhas desilusões, continuas a acreditar no Amor verdadeiro. por isso, encaras cada história como se fosse a primeira, e entregas-te incondicionalmente sem medo de escorregar (o que, quase sempre, acaba por acontecer). o desencantamento é terrível, não é?

dizes-me, com sabedoria, que é preciso viver para contá-la. não admites pausas nem interrupções, vives ansiosa à procura de uma nova aventura como se disso dependesse a tua vida (porque, afinal, depende). e como é bom ver os teus olhos sorrirem quando encontras o que procuras. esse brilho que mora em ti mostra-me enfim que a Felicidade existe e é tão simples (feita de pequenos grandes momentos). e então, sinto com toda a força, que provavelmente és a melhor morada que Ela pode ter.

Wednesday, October 17, 2007

Desconfio de quem...

... diz não sei antes de saber qual é a pergunta,
... não sonha acordado,
... conduz sem ouvir música,
... assume que não canta no banho nem noutro lado qualquer,
... vê o passado como um país muito longuínquo que visitou,
... pensa que o amor entra apenas em casa dos ingénuos,
... não ri de si mesmo,
... vive de ilha em ilha,
... foge da chuva a sete pés,
... não reconhece o cheiro a maresia e a tardes de verão,
... se elogia apenas a si próprio,
... não perde tempo a ouvir os devaneios dos outros,
... diz sempre que está tudo bem, mesmo quando não está,
... nunca se sentiu sozinho no meio de uma multidão,
... tem medo de perder, mesmo antes de encontrar.

Monday, October 15, 2007

Instruções precisam-se...

se viesses acompanhado de livro de instruções, provavelmente entendia os teus meios sorrisos e palavras por dizer. compreendia esse olhar envergonhado e a ansiedade das tuas mãos. sabia distinguir os teus dias de sol dos de tempestade. deixava-te sozinho nas madrugadas de lua crescente e acompanhava-te nas noites silenciosas. pegava-te na mão quando te sentisse a escorregar e corria contigo quando quisesses abraçar o mundo. abria a janela do teu quarto nos momentos em que precisavas de respirar e protegia-te do mundo lá fora que não desejas conhecer. mostrava-te lugares onde podíamos ser felizes e levava-te a recordar aqueles onde o fomos.

mas não. trazes apenas contigo sede de viver e ânsia de descobrir. e isso, é tudo o que preciso agora.

Wednesday, October 10, 2007

dream on Girl...

"Come back to see the day you lost your heart
And odd your hopes
I’ll take you to see the sunrise and try to catch your ghost"

[Rita Redshoes, Dream on Girl]


[um aconchego logo ao acordar:)]

Sunday, October 07, 2007

Instantes que decidem...

e ele sentiu, enfim, que as palavras se tinham esgotado. desta vez, tinha razão. já nada mais havia a dizer. mas mesmo assim abraçou-a, prendeu-a nos seus braços até ficar com eles dormentes. depois disso, abraçou-a, mais uma vez, com o olhar. como fazia quando ela o procurava em busca de conforto.

mas desta vez, não a encontrou, naqueles olhos pequeninos. quem estava ali era a desilusão disfarçada de menina. quem estava ali era a dor de quem perde, de quem se perde. irremediavelmente.

por isso, já nada mais havia a dizer. aqueles pequenos grandes olhos já diziam tudo e essas palavras ecoavam naquela sala que, entretanto, se calara para os escutar. para ouvir aquele silêncio triste que rompia a madrugada. ele, por instantes, sentiu que a própria Lua se tinha escondido. ali e lá fora não havia mais nada. apenas o Tempo que, mesmo assim, não interrompeu a sua marcha. como se lhes quisesse mostrar que a vida não se interrompe.

Thursday, October 04, 2007

Há sonhos...

... que (rapidamente) se transformam em pesadelos. e apenas os fortes, os resistentes, os sobreviventes continuam a acreditar. provavelmente, porque a capacidade de sonhar é o melhor sonho que podemos viver.

Wednesday, September 26, 2007

As palavras que o tempo não leva...

se me contassem não acreditaria. ainda hoje, no meio do ciclone, custa-me a acreditar. nem sei se algum dia conseguirei aceitar (perdoar, esquecer). às vezes, acordo ainda com a sensação de que tudo não passou de um (longo) pesadelo. olho em redor e percebo que é real. tão real que chega a doer em sítios que desconhecia.

dizem-me, carinhosamente, que com o tempo vai passar (...)
(obrigada meus queridos)


eu começo a acreditar (...)

Friday, September 21, 2007

Perdemo-nos...

...e eu não estou em lado nenhum para ser encontrada...


[por agora]

Thursday, September 20, 2007

Feel The Breeze...



[Foto: Eu, sobrevoando Ponte de Lima, Julho '07]

Tuesday, September 18, 2007

E assim permanecer...




quem diz que a vida é uma passagem provavelmente nunca esteve numa estação de comboios. não um "estar" de "passar", mas de "permanecer" para contemplar.

a vida, tal como é e não como a queremos ver, é feita de partidas e chegadas e, inevitavelmente, de esperas. e se algumas duram segundos, outras podem durar horas, dias, meses... porque só essas esperas nos permitem saber qual o tempo necessário para subirmos com segurança as escadas do comboio por que aguardamos.

[Foto: Algures em Saronno, Itália '07]

Monday, September 10, 2007

O dia seguinte...

"O que o acordou foi o silêncio. Primeiro, o do despertador que não tocou à hora combinada todas as manhãs. Depois, o de outra respiração, que devia ouvir e não ouvia. Estendeu a mão para o quente do outro lado da cama e encontrou o frio. Apalpou e encontrou vazio. Então, sim, despertou completamente.Um prenúncio de tragédia desceu por ele abaixo, como um arrepio. O que acabara de se lembrar era que não acordara só por acaso ou por acidente: aquele era o primeiro dia, a primeira manhã da sua separação — o primeiro de quantos dias? — em que acordaria sempre sozinho, com metade da cama fria, metade do ar por respirar."


[Não te Deixarei Morrer, David Crockett, de Miguel Sousa Tavares]

Friday, September 07, 2007

A vida, ou o que resta dela...

recomeçar é quase como regressar a casa, depois de uma longa ausência. ao abrir a porta ainda paira suspenso no ar o cheiro a vazio. os raios de sol entram a medo pelas entrelinhas gastas das persianas. os livros, entretanto esquecidos, estão pousados em cima da mesa guardando ainda neles a certeza de que um dia merecem ser lidos. os chinelos de quarto aguardam, silenciosos, o carinho de outros tempos. sobre a cama estão ainda deitadas umas calças que ficaram por vestir e a manta que tantas vezes aconchegou os serões passados em silêncio. é como se o tempo tivesse sido ali guardado e assim tivesse permanecido à espera deste reencontro.

recomeçar é um olhar tudo de novo.

recomeçar é arrumar os livros antigos e comprar aqueles que sempre tivemos vontade de ler. é sentir o soalho nos pés. é deitar fora as calças que já não servem e assumir o verdadeiro número que vestimos. é sentir o frio e o calor sem nada a proteger o corpo, porque é disso mesmo que ele precisa. de um novo fôlego.

para recomeçar.

Thursday, September 06, 2007

Se...

"Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos. "


[Poesia, Sophia de Mello Breyner Andresen]

Friday, August 31, 2007

Acordei assim...

...com a leve sensação de que a tempestade se está já a dirigir para outro continente.

Wednesday, August 29, 2007

É mais fácil...

esperar em vez de seguir em frente.
cair em vez de limpar as feridas.
recordar em vez de construir uma nova história.
ignorar em vez de enfrentar.
argumentar em vez de aceitar.
criar ilusões em vez de olhar o mundo como ele é.
ficar com a âncora em vez de me lançar em alto mar.

desistir. permanecer. e não acreditar.


e quem disse que quero o fácil?

Monday, August 27, 2007

vida interrompida...

não sei ao certo o que se perdeu. aquilo que fui é apenas uma sombra do que tenho agora. a tempestade veio sem avisar e quando partiu deixou um rasto de destruição. e, nesse entretanto, a pessoa que existia em mim desvaneceu-se irremediavelmente. para dar lugar a alguém que estou aos poucos a conhecer e a aprender a gostar.

incrível como vivemos mais intensamente o sofrimento do que a felicidade. talvez porque nos momentos de ruptura percebemos de que matéria são feitas as emoções. talvez por aí sentimos com nitidez e na primeira pessoa o limite da vida. e compreendemos que só nós podemos percorrer o caminho que se coloca à nossa frente. independentemente do tempo que ficamos caídos a reunir forças, ninguém pode fazê-lo por nós. não é uma questão de solidão, mas de sobrevivência.

e então apenas duas opções se colocam diante nós: a de desistir, permanecendo apenas na superficie do que poderíamos ser, e a de recomeçar de novo, acreditando todos os dias que há ainda uma possibilidade.

é tempo de limpar as feridas e deixá-las sarar. é tempo de acreditar.

Sunday, August 05, 2007

Contagem decrescente...

... sol, mar, areia, chinelos, saias, bikinis, sandes, banhos, passeios, beijos com sabor a sal, jantares sem hora para acabar...




Tuesday, July 31, 2007

Flash...

recordo-o vezes sem conta. se fechar os olhos ainda consigo ver com nitidez o teu sorriso de menino e as rugas na tua cara quando sorris. parece que ainda sinto o teu olhar profundo que tantas e tantas vezes me faz apaixonar de novo por ti. e depois, lembro-me do modo como me envolveste num segundo que durará para sempre. do modo como me fizeste acreditar de novo no conto de fadas e na magia da terra do nunca.

e nesse momento, o tempo parou. era tempo de iniciarmos o nosso tempo.

Sunday, July 29, 2007

28 de Julho de 2007...

Um dia verdadeiramente especial. Único. Irrepetível.

A nossa cara, mais do que nunca.

Tuesday, July 24, 2007

Por sinal...

...vivemos apressados e nem reparamos que nos acotovelamos nestas linhas cruzadas. andamos com pressa e apressados para chegar, tantas e tantas vezes, aos mesmos lugares. guardamos os sorrisos com medo que os outros os esgotem. escondemos, vezes demais, o melhor que temos dentro de nós.

dou por mim a perguntar o porquê...

o porquê de andarmos ao jogo do rato e do gato em estradas que nos parecem labirintos intermináveis. o porquê de nos sentirmos sufocados com o vazio que se abate em nós quando sobrevoamos as nossas vidas. o porquê de termos deixado de acreditar na ilusão e na magia da terra do nunca. onde as fadas, os príncipes e as princesas são realmente felizes para sempre. ainda que o sempre não seja o mais importante, mas antes a possibilidade de o sonharmos. especialmente de olhos bem abertos.

Friday, July 20, 2007

Breve apontamento...


"lança-te para cima, livre para o ar,
tornaste-ás matéria de liberdade"

Gaston Bachelard, L’Air et les Songes

[Foto: Lago di Como, Italia 07]

Thursday, July 19, 2007

Saborear a rotina...

de manhã poucas são as coisas que me sabem melhor do que esta (simples) rotina de comer calmamente o pequeno almoço ao som das brincadeiras enérgicas das cadelas (que não distinguem o dia da noite), chegar ao carro, sintonizar a rádio (intercalando a música com o humor), sair de carro com o vidro aberto (é tão bom sentir a brisa quente logo de manhã), seguir na estrada sem filas nem condutores à beira de um ataque de nervos, atravessar a ponte e olhar a cidade a acordar embalada pelos primeiros raios de sol, beber calmamente o meu café...

depois disto, estou plenamente preparada para enfrentar mais um dia no (sempre insólito) mundo dos adultos...

Wednesday, July 18, 2007

A medo...



o verão parece estar a chegar (para ficar...).

e com ele vem o tempo dos dias longos e preguiçosos, das viagens sem trânsito e supermercado sem filas, dos gelados e dos refrescos, das conversas longas numa esplanada à beira mar, das leituras postas em dia, de mergulhos sem hora para acabar, do corpo com sabor a salitra e bronzeado pelo sol, de jantares regados com boa disposição, de manhãs bem dispostas, de namoro estendido numa toalha de praia, de encontros inesperados e sorrisos meigos, de passeios pela baixa e cafés servidos ao sol...

sim, (eu sinto) este tempo chegou!...


[Foto: Ribeira do Porto, Junho '07]

Tuesday, July 17, 2007

E num abrir e fechar de olhos...

vivi dias insólitos naquela que é a terra dos românticos e dos mafiosos.... La bella Italia.

terra de tantos fascínios e onde todos os cantos respiram e irradiam beleza, graciosidade e elegância. terra onde me perdi e encontrei nas ruelas que tantas histórias contam e recontam a cada passo dos turistas deslumbrados. terra de música, de alegria e sangria. terra onde cada pessoa é o centro do seu mundo.

e nesse entretanto, e entregue a mim própria, pude saborear, uma vez mais, o melhor e o pior do que a vida nos pode oferecer. a liberdade tem dessas coisas. ensina-nos a ver o mundo e a fazer parte dele numa simbose perfeita. como se a canção e o cantor fossem a mesma coisa e se fundissem com um único propósito. o de apreciar o momento para este não acabar jamais. e sorrir.

Sunday, July 08, 2007

365...

depois de um ano, de um ano que tudo mudou, continuamos embalados neste sonho, com a mesma vontade de descobrir o mundo. continuamos a saborear a dádiva dos momentos vividos a dois.

contra ventos e marés, temos permanecido juntos. temos crescido na partilha de emoções verdadeiras e cúmplices. encontramos no Amor o norte que precisavamos para os nossos caminhos.

e o melhor, é que quando olho para ti ainda encontro aquele brilho que me envolveu.

Sunday, June 17, 2007

Há dias assim...

... em que sinto a tua ausência até no ar que respiro.

Sunday, June 10, 2007

(...)

Meu querido,

é por causa de pessoas como tu que acredito em algo para além da vida. para além deste espaço e onde, certamente, nos acompanhas e acarinhas com a tua presença. como sempre fizeste.

acredito na certeza dos sentimentos verdadeiros. que não se esgotam e não morrem. mas que permanecem firmes e seguros prolongando-se num tempo eternizado.

são esses sentimentos que nos vão alimentando e nos fazem permanecer lúcidos num mundo que nem sempre compreendemos. são eles que nos fazem esquecer a dor da perda e a saudade de um sorriso que já não conseguimos retribuir.

mas não te posso esconder. tenho saudades. tenho saudades sem fim. e passados estes dias ainda sinto aquela dor que me impede de respirar por uns momentos. uma dor que, tantas vezes, é maior do que eu. tão maior.

e tenho muito medo. de me ir esquecendo do teu rosto, do teu sorriso bondoso e do teu olhar cheio de meiguice. ajudas-me a lembrar? ajudas-me a enfrentar a ausência que provocaste em nós? ajudas-me a superar estes dias em que a tua falta ecoa nas paredes como se gritasse por nós?

quero que sejas lembrado com um sorriso. porque foi desse modo que viveste. e é assim que quero que a minha lembrança te recorde.


*

Sunday, May 27, 2007

Os ventos do Norte...


...levaram-me a conhecer terras suecas. onde o ar é mais puro, o céu é mais azul e as flores são pintadas de cores mais intensas.

...três dias em que saborei o melhor da vida... com o sorriso e a ansiedade de quem descobre um mundo novo.

...


[Foto: Estocolmo, Maio '07]

Wednesday, May 23, 2007

Cócegas no coração...

parei nos vossos olhos por alguns instantes. para captar imagens que jamais desaparecerão da minha saudade. ouvi os vossos sorrisos e também me envolvi nessa energia pura de sentimentos verdadeiros. senti as vossas histórias como se também fizessem parte da minha (porque fazem). não deixei de agradecer. porque a amizade também precisa desse carinho atento.

Friday, May 18, 2007

Até já...

gostava de conseguir explicar melhor aqueles momentos em que sentimos (e sabemos) o que é felicidade. quando ela nos toca e abraça num manto feito de paz. em que nos protege e embala numa dança que nos parece inesquecível.

não importa quanto tempo dura (o mais certo é não fazer parte deste tempo) nem onde ocorre (afinal nós criamos o espaço em que nos movemos). importa sim a intensidade com que se manifesta. o modo como nos envolve e preenche. e a saudade que deixa.

até uma próxima vez.

Monday, May 14, 2007

Pedi ao tempo para parar...


... e ele levou-me para este paraíso.


[Pipa, Brasil '07]

Friday, May 04, 2007

Se eu pudesse...

...queria parar o tempo. para absorver e compreender todos os momentos. para organizá-los nas caixinhas da minha memória. quem sabe até dar-lhes um nome. para não mais os esquecer. e não me esquecer de dar valor a cada conquista. para me recordar sempre do sabor das pequenas grandes vitórias que têm feito de mim o que sou.

...queria num abraço (longo e apertado) agradecer-vos a todos. aos que fazem parte desta jornada. que me acompanham e me mostram o verdadeiro sentido da vida. que, com um sorriso, me iluminam com todas as cores do arco-iris. é por vocês que eu continuo a acreditar em histórias de encantar.

Wednesday, May 02, 2007

It's going to be a bright shiny day...


...











[Foto: Me]
[Status: As good as it gets]

Monday, April 30, 2007

Hoje é um bom dia...

...para encerrar mais um ciclo.

e amanhã o dia terá a cor dos sonhos tornados realidade...

Tuesday, April 24, 2007

Laços que não se esquecem...

Minha querida,

A vida corre a um ritmo alucinante. Olho para trás e parece que já quase não conheço a menina que em tempos fui. Os sonhos de adolescente deram lugar a certezas conquistadas com o entusiasmo de quem não desiste de lutar. O caminho foi longo e, muitas vezes, penoso. Aprendi a contar mais comigo. Comecei a escutar-me com mais atenção. Chorei algumas vezes. Sorri ainda mais. Caí, escorrei, tropecei. Mas não vacilei. Esperei um pouco, recuperei forças e voltei a caminhar.
Passei a dar mais importância a quem realmente o merece. E a desvalorizar o que é acessório. Nesse limbo de escolhas fui-me encontrando a pouco a pouco. Fui descobrindo o que era e o que queria ser. Perdoei alguns erros e esqueci outros.
Lembrei-me tantas vezes de ti. Do teu exemplo de vida. Da força que só as grandes mulheres possuem. Do teu rosto marcado por grandes emoções. Do teu olhar que guardava tantas lembranças. Da doçura das tuas mãos quando me acariciavam o rosto. Do teu colo sempre pronto a receber-me.
Passado todo este tempo, não te esqueci. Estás sempre ao meu lado. E estarás. E eu sei, que partilhas comigo todas as conquistas e que me abraças nas derrotas.

Friday, April 20, 2007

O caminho se faz...

... entre a seta e a espada.

[Quem me leva os meus fantasmas, Pedro Abrunhosa]

Thursday, April 12, 2007

O estranho mundo dos adultos...

sempre procurei saber. e sentir. como se disso dependesse a minha vida.

sempre gostei de viver os sentimentos no limite. no fio da navalha. como se lhes quisesse atribuir cores, cheiros e sabores.

se me pedissem para definir a alegria, provavelmente diria que tem a cor vermelha alaranjada. e o cheiro de um banho acabadinho de tomar ao som de um riso verdadeiro.

a desilusão não é tão fácil de definir. no entanto, quando a vivemos sabemos bem do que se trata. sabemos que nos corta alguma coisa cá dentro. e quando passa, deixa um vazio. um grande vazio que mais nada poderá preencher. porque leva um pouco de nós. talvez a ingenuinidade dos sentimentos puros e verdadeiros. e isso jamais se recupera ou se reconquista.

sim, foi isso que senti.

Monday, April 09, 2007

Uma brisa a Verão...

um fds prolongado com sabor a verão e aos dias intermináveis que passam num segundo.

com o sol a bater na face quase senti o cheiro a maresia e a areia molhada. quase consegui ouvir o riso das crianças que brincam junto ao quebrar das ondas. quase deixei o meu corpo cair numa preguiça interminável.

e neste quase encontrei tudo o que precisava para carregar baterias.

Friday, March 30, 2007

Foi há 6 anos ...

...e desde então não mais nos separamos.

[Com amor]

Thursday, March 29, 2007

O Baú...

às vezes é mesmo assim. preciso de lembrar. será que alguma vez esqueci? e essas alturas levam-me invariavelmente até aquele velho baú. quando o abro ainda sinto o pó que as recordações guardam. mesmo as mais recentes.

antes não percebia. a urgência de procurar pequenos fragmentos de felicidade. agora entendo. o valor e a força das memórias que fizeram de mim aquilo que sou. e por isso não me envergonho de nada. nem dos momentos que me fizeram cair. foram eles que me tornaram mais forte quando recomecei a caminhada.

deixo-me ficar assim um pouco. revejo as cartas, os bilhetes, as pequenas notas, as fotografias. e olho mais uma vez. só tenho pena de não sentir os cheiros nem de ouvir as vozes desse tempo. de não ter gravado conversas e sorrisos. mas reconfortam-me os sentimentos. esses o tempo jamais esquece.

fecho o baú. e despeço-me até uma próxima vez.

Monday, March 26, 2007

O balanço da vida...

Limpar as lágrimas e esquecer. Mas como? Sorrir e pensar que é tudo passado. Lembrar-me só das coisas boas (são tantas...) e querer que elas se repitam. Fazer planos. Posso contar contigo, não posso?

Descansar e pousar a cabeça na almofada. Aconchegar-me numa cama acabada de fazer. Queres vir dar-me a mão? Dormir profundamente sem o despertador a interromper. Acordar a meio da noite e pensar que tenho todo o tempo do mundo. Consegues sentir os primeiros raios de sol?

Deixar que me leves ao colo. Embalar-te com uma música que não ouvia há anos. Aninhar-me nos teus braços. Sentes o bater do meu coração? É por ti, meu amor.

Friday, March 23, 2007

Uma outra perspectiva...


...do centro da Europa!

[Foto: Bruxelas, Março '07]

Tuesday, March 20, 2007

E a vida é mesmo assim...

Inicialmente o choque. Tudo parecia retirado de um filme. Pessoas a correr. Confusão. Prédios e mais prédios. E mais pessoas a correr num vai e vem frenético e acelerado. De repente avisto o sol. No meio daqueles gigantes adormecidos avisto os primeiros raios de sol numa cidade até então tão cinzenta.

Relaxo e esqueço-me que estou sozinha. Começo a aproveitar os primeiros instantes nesta cidade de todos os sonhos e conquistas. Respiro fundo e saio finalmente daquele imenso comboio. Agora já não sou eu que olho ao meu redor mas uma menina que, de repente, está a descobrir um novo mundo. Distante daquele que sempre conheceu. Mas um mundo que fascina, envolve e seduz.

Percorro as grandes avenidas e olho com curiosidade os imensos edifícios que parecem tocar o céu. Sinto no ar o cheiro a cacau e a gofres. Começo finalmente a ouvir risos e sorrisos. Conheço outros aventureiros que comigo partilham sonhos, expectativas e percursos.

E à noite, quando finalmente me deito, já não me sinto longe de casa. Porque onde quer que esteja tenho sempre comigo a minha casa. E o meu coração guardará sempre com nitidez o rosto daqueles que me acompanham.

Friday, March 09, 2007

Num lugar assim...


"Não deves recusar o esforço, porque ele é um caminho. Num lugar que terás de descobrir - que fica sempre alto e longe - existe para ti uma lagoa meio escavada na rocha, com relva muito verde em parte das margens e cantos alegres de pássaros calmos. Encontram-se lá os que amas, fortes e generosos. Sorridentes. Há sol e também a sombra de altas árvores. Por cima, apenas o céu, à distância de um último salto. Não é um destino inevitável, mas um lugar onde és esperado e que podes, ou não, alcançar, conforme a medida do teu desejo. Só lá te encontrarás contigo mesmo."

[Paulo Geraldo, O Lago]


...

[Foto: Gerês '07]

Wednesday, March 07, 2007

O Amor que prevalece...

Por momentos, tudo parece fácil. E até devia ser. Tirando as interpretações, as palavras por dizer e as que foram ditas (sem querer) o Amor é bem simples. É para (se) sentir. Sem as reticências e os espaços em branco deixados pelo que foi dito e pelo que não se disse.

Ou talvez não.

Talvez o Amor exista para ser vivido com a turbulência do dia-a-dia. Com as imperfeições tão peculiares daquilo que somos. Com os erros, as escorregadelas e as lágrimas. Porque, depois disso, é mesmo o Amor que prevalece. Que nos levanta. E que novamente nos faz tropeçar. E que nos ergue mais uma vez (com uma força até então desconhecida). E outra.

E mais outra.

Monday, February 26, 2007

Renascer...


Por vezes temos de perder. De escorregar e cair. Para então compreendermos a grandeza dos sentimentos recuperados. Para sentirmos a alegria de quem se descobre pela primeira vez.


Porque a dor e a mágoa são o melhor remédio para as feridas abertas. Ajudam a sará-las. E preparam a nossa alma para fazermos parte da história que sempre quisemos viver. Na primeira pessoa. Sem tempo para hesitações. E sem palavras por dizer.


...


[Foto: Gerês, primeiro dia de '07]

Monday, February 19, 2007

Café com sabor a infância...

Perguntas-me se eu estou bem. E dizes, mais uma vez, que só tens pena que eu trabalhe tão longe (e o trânsito que deves apanhar!...). E eu, mais uma vez, te digo que Matosinhos não é assim tão longe e que quem corre por gosto não cansa.

No fundo sinto que não é a distância que te preocupa. É a velocidade com que a vida corre nas nossas veias. E o tempo que não perdoa.

Eu também lamento, minha querida, todas as vezes em que não encontrei uns minutinhos para te acariciar a face. Como eu gosto das tuas rugas.

E como me lembro, com saudade, do cafezinho que tinhas sempre ao lume. Fresquinho, dizias tu. E mesmo não apreciando muito o sabor, o que me sabia mesmo bem era poder encontrá-lo sempre que entrava em tua casa.

Agora quando entro em tua casa já não encontro o cafezinho. Mas encontro-te a ti, com um olhar de quem percebe que a vida passou rápido demais. E, se fechar os olhos, consigo ainda sentir o cheiro desse café com sabor a infância.

Friday, February 16, 2007

Olhares que se cruzam...



... e o sonho continua!


[Foto: Nós, num momento feliz]

Tuesday, February 13, 2007

Acima das nuvens...

...andamos de mãos dadas. Brincamos e rimos como crianças que, pela primeira vez, estão a descobrir a neve. Derretemos o frio com o calor do nosso Amor. E o sol nunca brilhou tanto como naquele dia.



[Foto: Serra da Estrela '07]

Monday, February 12, 2007

Estas coisas sem princípio nem fim...

"Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos."

[Miguel Sousa Tavares, In Não Te Deixarei Morrer, David Crockett]


...

[Para os grandes feitos serem lembrados, é preciso que pequenos gestos os sustentem.
Ontem decidimos. Cabe a cada um continuar a lutar pelos valores em que acredita. Isso parece-me mais importante do que qualquer discurso político. Afinal, é a Vontade que move montanhas]

Friday, February 09, 2007

Há cenários assim...


... que me fazem sentir em casa.



[Foto: Cais de Gaia, '05]


Tuesday, February 06, 2007

A matéria de que somos feitos...

De sonhos que nem sempre não se concretizam. De palavras soltas à espera que alguém as apanhe. De vontades estoicas de criar um mundo melhor. De uma necessidade voraz de viver em liberdade. Da incerteza daquilo que podemos (ou não) ser. Da crença de que a bondade pode realmente existir (mesmo quando as evidências não apontam nesse sentido). De uma ansiedade em amar e ser amado. De uma certeza: que nem tudo na vida é assim tão certo.

Tuesday, January 30, 2007

Dias que não dormem...


Acordar com o o sol a espreitar na janela. Espreguiçar os braços e as pernas. Saltar da cama com um sorriso nos lábios. Pensar que não há nada marcado para fazer. Sair de casa rumo à praia. Cumprimentar o sol e o mar. Estender a toalha e o corpo. Sentir o calor e o ruído das ondas. Ler um livro sem ter horas para o acabar. Relaxar.

Que saudades. De acordar num dia que não dorme.

...

[Foto: Hurghada, Egipto '05]

Thursday, January 25, 2007

Ao cair do dia...

Acolhes-me com um abraço apertado. Como se sentisses que eu dele precisava. Deixo-me ficar. Agora não preciso de mais nada. Respiro fundo. Abro os olhos para olhar para ti. Sorrimos.

Às vezes ser feliz é muito simples.

Wednesday, January 24, 2007

O que fica...

Parece não importar. O que sinto. O que deixo de sentir. O que digo. O que fica por dizer. Não é sempre, por certo. Às vezes. E é esse às vezes que doi. Que me faz recear.

Quando o nunca e o sempre são apenas uma miragem o às vezes passa a ser o chão que pisamos.

Ou não.




Monday, January 22, 2007

Restolho...

"Mas é preciso morrer e nascer de novo
Semear no pó e voltar a colher
Há que ser trigo, depois ser restolho
Há que penar para aprender a viver
E a vida não é existir sem mais nada
A vida não é dia sim, dia não
É feita em cada entrega alucinada
Para receber daquilo que aumenta o coração."

[Mafalda Veiga, Restolho]

...

Restolho...
de resto
s. m.,
parte inferior do caule das gramíneas ou poáceas que fica enraizada depois da ceifa;
barulho;
banzé, chinfrim.

Friday, January 19, 2007

O mundo em que vivemos...


Num mundo em que, cada vez mais, a indiferença prevalece sobre o carinho e os sentimentos altruístas são abafados pelo egoísmo e pelo individualismo, nunca é demais deixar uma palavra em nome do Amor.

Afinal, que sociedade estamos a criar?...

[Um breve desabafo de quem ainda acredita na força do Amor]

...

[Foto: Olhares.com]

Tuesday, January 16, 2007

Às vezes...

Às vezes queria cansar-me até cair na cama com a sensação de dever cumprido. Queria pensar menos. Sentir menos.

Às vezes queria olhar para ti e compreender tudo. Perceber as tuas escolhas como se fossem minhas. Ajudar-te a viver os teus sonhos. E vivê-los plenamente contigo.

Às vezes queria que tu também compreendesses tudo. Gostava que me desses a mão para sossegar o meu desassossego. Que me sussurrasses ao ouvido palavras de amor mesmo sem estares junto de mim.

Às vezes queria ser poeta. Queria escrever como se disso dependesse a minha própria vida. Descodificar as teias de ideias que se cruzam dentro de mim.

Às vezes queria ter asas. Não para voar sozinha. Mas para te poder levar comigo num voo livre. Até um lugar onde o vento nos embala ao anoitecer.

Monday, January 15, 2007

O tamanho dos sonhos...

Já dizia o poeta "Somos do tamanho dos nossos sonhos".

E nestas vidas cruzadas e entrelaçadas vamo-nos sentindo gigantes e anões... porque nem sempre as vontades são suficientes. É preciso acreditar. Acreditar que somos e podemos ser capazes. Acreditar naquilo que nos podemos tornar. Acreditar que, se quisermos, podemos ganhar asas e voar.



...

Sim.
Acreditar.

Friday, January 12, 2007

Momentos de liberdade...


"Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade."

[Liberdade, Sophia de Mello Breyner]

...

[Foto: Baiona '04]

Thursday, January 11, 2007

Embalada...

Olho para ti. Mas deixo de te ouvir. Vagueio por um mundo distante. Só meu. Fixo novamente o olhar em ti e vejo apenas uma névoa difusa e cinzenta. Deixo novamente de te ouvir. Flutuo. Ao longe, avisto alguém que se aproxima. É uma menina. Tem cabelos negros e olhos vivos. Faz-me lembrar alguém. Ela sorri, como se já me conhecesse. Pega-me suavemente na mão e leva-me a passear. Não sei por onde vamos mas sinto-me segura. Deixo-me ir ao sabor desta mão macia e leve. Não sei ao certo quando tempo andamos juntas. Mas isso também não importa. Quando paramos já o dia começava a nascer. Mais uma vez de mãos dadas olhamos o sol a aparecer lentamente e deixamo-nos ficar alguns minutos. E sem dizer nada abraça-me como se me quisesse embalar. Nesse momento não precisamos de falar. Ela sabe bem o que eu quero dizer. Há palavras que precisam apenas de ser sentidas. E vividas no silêncio.

...

Percebo então que esta menina sou eu. Há muito tempo atrás.

Descanso, enfim. Porque sei que ela caminha sempre a meu lado.

Friday, January 05, 2007

Cair da manhã...

Lembro-me de ter sono. Não me lembro como encontrei forças para me libertar dos lençois que me aconchegavam. Mas ainda me lembro do arrepio que senti quando pousei os pés no chão adormecido... Por isso pensei como era bom poder ficar. Só hoje!...




[Foto: Olhares.com]

Thursday, January 04, 2007

Chegaste...

"Chegaste. Eu não te esperava. Contigo trouxeste a ternura, o desejo e, mais tarde, o medo. Chegaste e eu não conhecia essa ternura, esse desejo. Em casa, no meu quarto, neste quarto, revi os teus olhos na memória, a ternura, o desejo. E, depois, aquilo que eu sabia, o medo. E passou tempo. Eu e tu sentimos esse tempo a passar mas, quando nos encontrámos de novo, soubemos que não nos tínhamos separado.”

[José Luís Peixoto, Antídoto]

Wednesday, January 03, 2007

Em 2007...


Que a Família esteja sempre presente
Sobretudo nos momentos em que estamos prestes a vacilar...

Que a Amizade seja a luz mais brilhante do Universo
Especialmente quando a distância parece querer apagar os seus laços...

Que o Amor e o Carinho nunca sejam esquecidos
Mesmo com as infindáveis correrias do dia-a-dia...

Que os Sonhos para um amanhã melhor se mantenham firmes
Principalmente nos dias mais cinzentos e preguiçosos...

Que Tu e Eu sejamos um Nós cada vez mais cúmplice
Sempre. Para sempre...