Thursday, January 11, 2007

Embalada...

Olho para ti. Mas deixo de te ouvir. Vagueio por um mundo distante. Só meu. Fixo novamente o olhar em ti e vejo apenas uma névoa difusa e cinzenta. Deixo novamente de te ouvir. Flutuo. Ao longe, avisto alguém que se aproxima. É uma menina. Tem cabelos negros e olhos vivos. Faz-me lembrar alguém. Ela sorri, como se já me conhecesse. Pega-me suavemente na mão e leva-me a passear. Não sei por onde vamos mas sinto-me segura. Deixo-me ir ao sabor desta mão macia e leve. Não sei ao certo quando tempo andamos juntas. Mas isso também não importa. Quando paramos já o dia começava a nascer. Mais uma vez de mãos dadas olhamos o sol a aparecer lentamente e deixamo-nos ficar alguns minutos. E sem dizer nada abraça-me como se me quisesse embalar. Nesse momento não precisamos de falar. Ela sabe bem o que eu quero dizer. Há palavras que precisam apenas de ser sentidas. E vividas no silêncio.

...

Percebo então que esta menina sou eu. Há muito tempo atrás.

Descanso, enfim. Porque sei que ela caminha sempre a meu lado.

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