Podes
dizer ao mundo que estou de volta. Lá atrás ficou a estrada, onde dancei à
chuva e aprendi a ser feliz. Sem ti (foi tão difícil). Nas pontas dos dedos
ainda encontro o sabor apimentado da liberdade. E no peito, deuses, no peito
voam borboletas. As mais bonitas borboletas. Podes lançar o boato que não sou a
mesma, que trago uma saia demasiado justa – alguém proíba esta infração – e um
batom capaz de tudo. Podes dizer que voltei e que, desta vez, é meio a sério meio
a brincar, porque esta vida não foi feita para se levar doutra maneira. Peguei
na falta que me fizeste – tanta e tão pesada – e desfi-la em pedaços, no
paredão onde prometeste amar-me para sempre. Já dizia a minha avó: de sábio e de louco todos temos um pouco.
Conta o que descobri: a saudade é uma estação de partida, nunca de chegada. Não
se encontra chão em mar salgado, nem cortinas a tapar um céu estrelado. Conta
que os malmequeres não querem querer, e que quem quer tem de escolher outra
flor para gostar. Conta que a desilusão é mais afiada que um bisturi. Ponto
final parágrafo. E que, mesmo assim, é melhor sonhar com finais felizes, do que
somar dias de calendário.