Monday, December 31, 2007

A fechar o ciclo...

sonhei com terras e paisagens que nunca vi. lembrei-me de cheiros e sabores que não experimentei. sorri ao celebrar momentos que não vivi. embalei-me em estórias que não cabiam no meu imaginário. recordei pessoas e vultos que sempre quis conhecer. desejei abraçar um mundo maior do que eu. entreguei-me a um destino que não era meu. aprendi a ler as entrelinhas dos espaços em silêncio.

entretanto parei.

e deixei-me ficar assim, enquanto o mundo continuava a girar.

demorei um pouco, até me aperceber. do valor das terras, das paisagens, dos cheiros, dos sabores, dos momentos, das estórias, das pessoas, dos vultos, dos espaços, do destino. da continuidade e da certeza de que tudo permanece intacto, perante a ambiguidade fugaz do que vivemos.



[serenidade, para 2008]


Saturday, December 29, 2007

E onde pára o Amor?

pára no murmúrio do vento que nos acaricia a face. no olhar atento de quem encontrou o caminho para casa. no sorriso aberto das carícias partilhadas em silêncio. nos encontros e reencontros de um caminho que tropeça em si mesmo. na quietude de um olhar que não tem medo de seguir em frente. na solenidade dos momentos que não se repetem.

pára no infinito. no ontem, no agora, e no depois.


é só isto.

Tuesday, December 25, 2007

Já passou...

a noite em que todos sentimos a tua falta. a noite em que a tua ausência foi o cântico de natal mais ouvido. a noite preenchida pela melancolia triste e saudosa de já não estares entre nós.

o teu lugar no topo da mesa foi deixado, pela primeira vez, vazio dando espaço às memórias de uma vida intensa até ao seu limite.

descansa agora, meu querido.

Wednesday, December 19, 2007

Surpresa inesperada...

o Natal chegou ontem (para mim). entrou de rompante e sem aviso, mas preencheu sofregamente os espaços vazios. não pediu licença, como de costume, nem se enfeitou de bolas e luzes de todas as cores. não trouxe neve nem frio de cortar a respiração.

mas chegou. e, desta vez, veio embalado do carinho há muito desejado e da promessa de tempos mais pacíficos.



o melhor, é que acreditei.

Thursday, December 13, 2007

Thursday, December 06, 2007

Querida P.

Saíste sem olhar para trás. Fiquei a olhar até te perder de vista e os meus olhos secarem (de lágrimas que não caíram) . Fotografei longamente aquele momento para me lembrar (para sempre) do peso solene das despedidas.

Saíste. Logo naquele dia em que estavas irresistivelmente deslumbrante (acho que to disse vezes sem conta ou, pelo menos, pensei-o). Surpreendeste-me com a calma do teu olhar, como se há muito pressentisses aquele momento. Por isso, quiseste que eu ficasse apenas com a recordação do melhor de ti, depois de tudo.

Desde esse dia, vêm-me à memória o eco do teu sorriso e o cheiro naturalmente perfumado da tua pele, que durante tanto tempo me fizeram sentir em casa. Também não esqueci as tardes de Domingo, silenciosas e cúmplices, pousadas num sítio qualquer à beira mar (sempre o mar como testemunha). Nem as escapadelas, repentinas (porque o amor era urgente), em locais que cujo nome desconheço.

Saíste. E, por isso, me libertaste. A sede de querer sempre mais de ti e de mim, de nós, terminou (enfim). Os dias e as noites passaram a ser mais tranquilos e sem a turbulência das emoções fortes. Inesperadamente, encontrei o prazer dos pequenos momentos e resgatei os meus sonhos solitários. Não sabia, até agora, que a felicidade também podia ser assim: (surpreendentemente) simples.

Nunca mais te vi. Nem sequer te procurei. Porque sei que, agora, és livre. E deixaste-me também em liberdade – como, aliás, devem permanecer os sentimentos verdadeiros.




(Até sempre)


Wednesday, December 05, 2007

Vicissitudes...

desta vez, já não encontraste a porta aberta.

a verdade é que, sem te aperceberes, ela esteve à tua espera tempo demais. esperou com paciência para além do suportável, até que, numa manhã chuvosa, decidiu pôr fim ao que há muito tempo havia terminado.


(...)