Thursday, December 06, 2007

Querida P.

Saíste sem olhar para trás. Fiquei a olhar até te perder de vista e os meus olhos secarem (de lágrimas que não caíram) . Fotografei longamente aquele momento para me lembrar (para sempre) do peso solene das despedidas.

Saíste. Logo naquele dia em que estavas irresistivelmente deslumbrante (acho que to disse vezes sem conta ou, pelo menos, pensei-o). Surpreendeste-me com a calma do teu olhar, como se há muito pressentisses aquele momento. Por isso, quiseste que eu ficasse apenas com a recordação do melhor de ti, depois de tudo.

Desde esse dia, vêm-me à memória o eco do teu sorriso e o cheiro naturalmente perfumado da tua pele, que durante tanto tempo me fizeram sentir em casa. Também não esqueci as tardes de Domingo, silenciosas e cúmplices, pousadas num sítio qualquer à beira mar (sempre o mar como testemunha). Nem as escapadelas, repentinas (porque o amor era urgente), em locais que cujo nome desconheço.

Saíste. E, por isso, me libertaste. A sede de querer sempre mais de ti e de mim, de nós, terminou (enfim). Os dias e as noites passaram a ser mais tranquilos e sem a turbulência das emoções fortes. Inesperadamente, encontrei o prazer dos pequenos momentos e resgatei os meus sonhos solitários. Não sabia, até agora, que a felicidade também podia ser assim: (surpreendentemente) simples.

Nunca mais te vi. Nem sequer te procurei. Porque sei que, agora, és livre. E deixaste-me também em liberdade – como, aliás, devem permanecer os sentimentos verdadeiros.




(Até sempre)


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