Sunday, November 21, 2010

Mãos dadas

és um bom lugar para ficar.

espera (desculpa-me a imprecisão, a falta de jeito para coisas literais, o embaraço quando falo de ti) és o melhor lugar para ficar.

lugar onde o sol não tem medo da chuva, nem do vento, nem da ameaça de trovoada. lugar de risos falantes, de abraços que se desfazem em mel, de segredos junto ao ouvido, de sonhos que não se perdem pelo caminho. lugar que encontra o destino. lugar de acasos inesperados, de frio na barriga, de cócegas da nuca até aos pés, de sobremesa depois do almoço, de comboio que não se atrasa.

lugar onde o espelho reflecte ternura. lugar de inocência e faz-de-conta, de chocolate quente que brinca com a língua, de roda gigante no centro da feira popular. és também lugar de mistério. de lua adormecida em quarto crescente, de curva que não sabemos aonde termina, de rua sem saída. és fôlego, suspiro, chispa. és lugar de gesto. de mar que corre para a praia de mão dada com as marés, ora cheias ora vazas. de areia que se faz estrada e não quer saber de cruzamentos. de brisa a cheirar a outono, de lareira que se acende num domingo à tarde, de manga-curta que sai à rua no inverno.

(ouve bem, e não duvides)

amor,
és o melhor lugar para ficar.