Wednesday, April 21, 2010

Gelado de morango

no dia em que roubarmos o tempo tu vais-me buscar cedo a casa. e eu, sem surpresa, vou trazer ainda o cheiro dos lençóis largados num impulso e a carteira com uma mão cheia de beijos (para te dar só depois do almoço). tu levas o sorriso solto no bolso de trás e o cabelo desalinhado da noite passada sem dormir. eu uso um vestido amarelo para te lembrar que o sol se juntou a nós (mesmo sem pedirmos muito). vou dizer-te ao ouvido uma ou duas coisas sem sentido, confessar um segredo duma tarde qualquer e adivinhar as perguntas que não esperam pela resposta. e tu, sempre tu, vais pegar-me ao colo e rodar-me numa valsa, parando pelo meio para olhar sem ver quem passa.

nesse dia, roubado, o tempo não será de mais ninguém senão nosso. porque todas as coisas vão ser possíveis. todas. mesmo as que não sonhamos. no dia das coisas impossíveis vamos voar de mão dada e rasgar o céu azul a saber a verão. e quando estivermos cansados, sei que vamos partilhar com a lua um gelado de morango junto às gôndolas que nos levarão de volta a casa.

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