Tuesday, May 04, 2010

O que eu sei

de ti,
as entrelinhas do meio sorriso, o quase abraço quando me olhas em silêncio, as palavras na hora certa e as que guardas no bolso de trás. as pernas que correm mais do que o fôlego e o querer tudo para ontem, porque viver é urgente. o balanço do que não partilhas e o luar que conquistas quando revelas mais do que afinal não é só teu.

de mim,
a timidez disfarçada num olhar que não se desvia, as pedras que arrumo da calçada num passeio sem destino. o toque que sabe a mar salgado, a luz incendiada do cabelo em desalinho. os planos com hora marcada e os encontros que ainda estão por acontecer. os brincos escolhidos sem acaso num brinde que não se repete. os dedos pequenos que escondem contos de fadas, porque sonhar é preciso.

de nós,
as mãos dadas quando o tempo se esgota, as voltas ao mundo sem sair do sítio, os sonhos adiados no banco de jardim, as histórias para contar, os dias e noites sem nome. os desertos atravessados de uma vez só, os oasis perdidos num recanto qualquer, as flores sem data anunciada, os hinos e romances devorados junto à lareira que não se apaga. a paixão de um momento que não quer ser amor, a ternura infinita da porta entreaberta que conquista o desencanto. o resgate da infância que não se perdeu pelo caminho, o lugar certo para ficar em dias de chuva, a queda livre quando não há nada a temer.

e o tanto que fica por dizer (porque é nosso, como sabemos)

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