Saturday, May 22, 2010

O sumo que sabe a pêssego

ela gostava de lhe falar de amor. gostava de contar histórias com romeus e julietas e de dizer, com os olhos cheios de tudo, que o amor é mesmo assim, feito de magia e de coisas impossíveis. ela gostava de abraçá-lo e descobrir com ele, todas as manhãs, que o primeiro dos abraços tem sabor a chocolate e se veste de lilás. ela gostava de viajar com ele de mãos dadas e esquecer-se do bilhete de regresso em cima da cama, porque o amor prega dessas partidas.

ela julgava que todas as coisas eram grandes e importantes, como aquele amor. como o seu amor. julgava que a chuva lhe limpava as feridas e o sol acordava de propósito para lhe dar um beijo de bom-dia. só para ela e para o seu amor. até que descobriu, num desses dias comuns, que o amor afinal tem vida própria e também ri e mente e abandona.

sem o avisar, foi-se embora. sem avisar ninguém, ela foi-se embora. e em silêncio virou costas ao amor.

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