Monday, October 10, 2011

A contar vindo do céu

Não perguntes porquê. Mas pertencemos ao lugar das coisas impossíveis. Onde nada, ou muito pouco, faz sentido além do que alcançamos num abraço lilás. As perguntas não entram, as dúvidas são vetadas e o medo não tem chave. É lá onde me procuras e é lá, entre raios e coriscos, que te encontro. Todos os dias. Nesse lugar, que ninguém sabe aonde fica e que eu e tu tomamos de assalto, há primaveras e outonos ao dobrar da esquina, jardins de parar e embalar, tantas histórias para ouvir e querer viver de novo. Há coisas que não nos cabem mãos, tímidas e entrelaçadas, nem nos sonhos que tivemos antes de nós. No lugar das coisas impossíveis eu visto-me de vermelho e tu de azul. E o céu muda de cor de cada vez que sorrimos. Ora é tarde, ora é manhã, e pouco nos importa senão os gestos de meninice resgatada. O acontecer. Fazer figas, querer muito, querer tudo, jurar que é para sempre, porque assim tem de ser e não faz mal acreditar que o amor veio para ficar. E que, por um feliz acaso, sobrevive ao tempo e à vida que acontece lá fora. Por isso, meu amor, não duvides: enquanto o mundo gira o nosso lugar gira connosco. E se amanhã se fizer tarde, não te inquietes e confia, porque é já hoje que nos encontramos, novamente, como da primeira vez, na chispa do abraço lilás.

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