Saturday, January 16, 2010

Quero-te muito (por ele)

pergunto-me se já acordaste, ou se ainda dormes com as mãos entrelaçadas para não deixar escapar os sonhos que te visitam à noite. talvez tenham passado duas, três ou quatro horas desde que te olhei e saí porta fora, apressado, com o peito apertado de tanto amor. talvez tenha passado mais tempo até, não sei. a vida não pode esperar, mesmo quando é o vazio da tua ausência que me espera. despedi-me lentamente e olhei-te, uma e mais outra vez, o cabelo desalinhado, as costas descobertas, os braços esquecidos sobre os lençóis, o rosto sereno. nunca te disse, mas enquanto dormes tenho quase a certeza que o mundo à tua volta pára a admirar-te, como eu nesta madrugada sem alvorada. enquanto dormes sei que és finalmente livre, senhora do teu destino, guardiã de todos os segredos. por isso a vida dá-te tréguas, baixa os braços, nada mais espera de ti senão o descanso merecido. queria ter-te visto a acordar, ou acordar-te com um amo-te sussurrado ao ouvido. queria sorrir ao ver-te encolher os ombros, com os olhos pequeninos ainda fechados, como se ainda fosse cedo demais para falar. tu e a ideia de que há horas marcadas para as coisas certas. tu e a mania de teres sempre razão, de saberes sempre o que queres, mesmo quando não sabes e finges ser dona da situação. tu, caramba, como és linda nessa segura fragilidade de quem nunca pediu para crescer. arrepio-me só de lembrar como te quero, sem limites ou prazo de validade. quero-te nos passeios, nas esplanadas, nos domingos ao sofá, nas estreias de cinema, nos jantares inesperados, nas viagens sem planos. quero-te tanto. quero-te à minha espera quando chego a casa. e quero esperar por ti no final do dia. quero-te no verão, no inverno, sem esquecer a primavera e o outono. quero-te sempre, sempre, mesmo quando não te quero.


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