Tuesday, January 19, 2010

Palavras que não esperam

falei-te hoje ao ouvido. não consegui escolher as palavras, desculpa. queria dizer-te as melhores, as que mereces, as que não podem ser esquecidas. falei-te de trivialidades, do novo filme no cinema, da revista que comprei no fim-de-semana, do último restaurante que me surpreendeu. falei-te do tempo, do frio que me acorda de manhã, do sol que desponta a medo durante a tarde, da lua cheia que ilumina as noites que parecem não ter fim. falei-te de amigos que não vejo mas que a memória não esquece, daqueles que me acompanham em todos os momentos, dos novos amigos que me pegaram pela mão. falei-te das coisas que ficaram por fazer, dos papeis que se amontoam no fundo da gaveta, dos sonhos que ainda espero concretizar. falei-te de lugares que perduram na minha lembrança, das pessoas que conheci sem sequer falar, dos sorrisos que retribuí sem pedir nada em troca. falei-te das ruas que percorri sem parar, das caminhadas com o sol a queimar o chão, dos passos ansiosos de quem espera pelo que não chega. falei-te das certezas e incertezas que invadem os meus dias, das perguntas que ouso fazer, das respostas que procuro sem vacilar. falei-te dos poetas que quero ler, das músicas em lista de espera, das histórias e estórias que recebo de coração aberto. falei-te da rotina das tardes preguiçosas, do alvoroço de um dia que começa sem despertador, das noites que percorro sem destino. falei-te de gostos e desgostos, do que fica para sempre e do que se perde irremediavelmente. falei-te de encontros e ausências, caminhos solitários, conquistas partilhadas, de lutas que ainda quero travar e de tantas outras que já não são minhas, nem de ninguém.

falei-te ao ouvido e, sem te querer acordar, sussurei "amo-te".
o resto fica para depois.


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