esqueceste
-me
não saiu em diário da república, nem abriu as honras do jornal da noite. as rádios não o anunciaram de madrugada, nem os estádios se calaram por um minuto.
não houve choro, nem dor. a boca voltou a sorrir e os olhos, secos, deixaram de me procurar.
o silêncio continuou mudo e as palavras mantiveram a semântica. a noite seguiu-se ao dia, e o verão passou a vez ao outono. o sol velou a chuva, que rompeu a timidez dos meses sem gabardines.
e contra todas as expectativas, as aves não cessaram o voo, e o mar continuou a ondular no horizonte infinito.
esqueceste
-me, é oficial,
claro. (a lembrar que a vida não tem compasso de espera)
1 comment:
Os esquecimentos (se é que realmente o chegam a ser), nunca são assim tão lineares e absolutos.
Belíssimo texto, mas de uma tristeza tão resignada...
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