Tuesday, February 15, 2011

Coisas daqui

O mundo lá fora que diga coisas absurdas. Eu faço ouvidos moucos e aninho-me no teu colo de algodão doce. E entre a curva do meu nariz e a cicatriz do teu joelho o silêncio perde-se em riso e o riso faz-nos bem. O mundo lá fora que continue a girar. Tu fazes troça, viras-me do avesso e convidas-me a passear na tal avenida onde podemos ser turistas sem que ninguém desconfie. Na mesma avenida onde, de noite, a nossa felicidade não é sonora mas faz parar o trânsito. O mundo lá fora que nos chame à razão. Nós fazemos caretas e damos lambarices às palavras. Pedimos ao sim para se mascarar de não, e apresentamos o de vez em quando ao sempre. Já de manhãzinha prometem cuidar-se até que a semântica os separe. O mundo lá fora que aconteça. Muito pouco ou nada mais importa senão esta coisa nossa que não cabe em lugar algum, mas sabe sempre o caminho de regresso a casa.

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