Tuesday, April 10, 2012

Qualquer coisa sobre encontros

O teu cheiro está impregnado na minha alma. Alguém o tatuou a ferro ardente. Talvez tu, com jeitos de menino-traquina-irresistível, enquanto eu me entretinha a calcorrear todos os recantos da tua pele. Tantos e tão perfeitos. Não adianta disfarçar. Se fechar os olhos ainda te sinto entre a boca e o meio das pernas, como uma réplica do sismo que ninguém antecipou. Eu sei lá. Nunca fui de sortes ou azares. Mas de repente vejo-me a correr para ti como quem parte em contra-ataque na final da liga dos campeões. E há qualquer coisa de destino no meio disto tudo. Só pode. Porque, como em qualquer contra-ataque, só há um caminho possível. A linha reta que me leva ao teu encontro. A seta furacão apontada para a pequena área, para o golo, a vitória, a taça bem erguida, para a festa a dois. O teu cheiro está impregnado na minha alma. E tu és a lâmpada de Aladino de onde tiro, todos os dias, um segredo-surpresa, uma promessa, um querer muito ou tanto, um renovar de ar quando a asfixia me bate à porta vestida de vermelho. E não te julgues dono da razão. Também te sei perto. Também te reconheço a tremura. O coração desgovernado, o suor a esconder a vergonha, o rubor, a vida que se quer inteira num sorriso. E se algum dia alguém nos chamar loucos vamos fazer de conta que sabemos assobiar e dançar de olhos fechados. Porque nestas coisas do amor a loucura é só uma sobremesa que se serve fria. Ou quente. Se a noite assim convidar.