Wednesday, September 26, 2007

As palavras que o tempo não leva...

se me contassem não acreditaria. ainda hoje, no meio do ciclone, custa-me a acreditar. nem sei se algum dia conseguirei aceitar (perdoar, esquecer). às vezes, acordo ainda com a sensação de que tudo não passou de um (longo) pesadelo. olho em redor e percebo que é real. tão real que chega a doer em sítios que desconhecia.

dizem-me, carinhosamente, que com o tempo vai passar (...)
(obrigada meus queridos)


eu começo a acreditar (...)

Friday, September 21, 2007

Perdemo-nos...

...e eu não estou em lado nenhum para ser encontrada...


[por agora]

Thursday, September 20, 2007

Feel The Breeze...



[Foto: Eu, sobrevoando Ponte de Lima, Julho '07]

Tuesday, September 18, 2007

E assim permanecer...




quem diz que a vida é uma passagem provavelmente nunca esteve numa estação de comboios. não um "estar" de "passar", mas de "permanecer" para contemplar.

a vida, tal como é e não como a queremos ver, é feita de partidas e chegadas e, inevitavelmente, de esperas. e se algumas duram segundos, outras podem durar horas, dias, meses... porque só essas esperas nos permitem saber qual o tempo necessário para subirmos com segurança as escadas do comboio por que aguardamos.

[Foto: Algures em Saronno, Itália '07]

Monday, September 10, 2007

O dia seguinte...

"O que o acordou foi o silêncio. Primeiro, o do despertador que não tocou à hora combinada todas as manhãs. Depois, o de outra respiração, que devia ouvir e não ouvia. Estendeu a mão para o quente do outro lado da cama e encontrou o frio. Apalpou e encontrou vazio. Então, sim, despertou completamente.Um prenúncio de tragédia desceu por ele abaixo, como um arrepio. O que acabara de se lembrar era que não acordara só por acaso ou por acidente: aquele era o primeiro dia, a primeira manhã da sua separação — o primeiro de quantos dias? — em que acordaria sempre sozinho, com metade da cama fria, metade do ar por respirar."


[Não te Deixarei Morrer, David Crockett, de Miguel Sousa Tavares]

Friday, September 07, 2007

A vida, ou o que resta dela...

recomeçar é quase como regressar a casa, depois de uma longa ausência. ao abrir a porta ainda paira suspenso no ar o cheiro a vazio. os raios de sol entram a medo pelas entrelinhas gastas das persianas. os livros, entretanto esquecidos, estão pousados em cima da mesa guardando ainda neles a certeza de que um dia merecem ser lidos. os chinelos de quarto aguardam, silenciosos, o carinho de outros tempos. sobre a cama estão ainda deitadas umas calças que ficaram por vestir e a manta que tantas vezes aconchegou os serões passados em silêncio. é como se o tempo tivesse sido ali guardado e assim tivesse permanecido à espera deste reencontro.

recomeçar é um olhar tudo de novo.

recomeçar é arrumar os livros antigos e comprar aqueles que sempre tivemos vontade de ler. é sentir o soalho nos pés. é deitar fora as calças que já não servem e assumir o verdadeiro número que vestimos. é sentir o frio e o calor sem nada a proteger o corpo, porque é disso mesmo que ele precisa. de um novo fôlego.

para recomeçar.

Thursday, September 06, 2007

Se...

"Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos. "


[Poesia, Sophia de Mello Breyner Andresen]